terça-feira, 31 de março de 2009

espírito de porco

Esses dias eu sonhei que tava fazendo telejornal. Tinha sido um acidente, claro. Nunca faria uma coisa dessas por vontade própria. Enfim, eu detesto tele e hoje eu descobri uma ótima desculpa pra que nunca mais me obriguem a fazer uma coisa dessas (ainda que dormindo). O jornal da manhã mostrou uma matéria que encerrou com japoneses sambando. Meu, japoneses sambando com chocalhos. Gente, japoneses em chamas sambando com chocalhos enquanto tocava tico-tico no fubá. Looonge de mim rir da alegria alheia só porque sou uma pessoa amarga, mas eu quase caí da cama convulsionando de tanto rir. Agora, me diz, alguém tem dúvidas de que eu faria o mesmo ao vivo na televisão? Mas que maldade do switch cortar direto pro estúdio. Eu estaria só com as perninhas pra cima rolando e às gargalhadas, se apresentadora fosse. Os profissionais, porém, estavam lá, compenetrados. Só uma risadinha no canto da boca. Confesso que agora até passei a respeitar essa gentalha. 

terça-feira, 24 de março de 2009

reclamação/retratação

Se tem uma coisa em que eu queria ser melhor sucedida é na minha relação com o celular. Porque, sério, é inacreditável. Toda vez que eu saio da frente do guichê pra ir no banheiro meu celular toca. Na sala, lógico, enquanto eu estou pelos corredores da repartição. Aí eu volto e tem chamada não atendida. Muitas vezes números desconhecidos, muitas vezes interurbanos. Aliás, acho que meu pai me ligou ontem (ligou?) e eu não atendi porque tava no banheiro.  

Também sou campeã internacional de deixar o celular no silencioso/mudo/estado vegetativo totalmente sem querer. Aí eventualmente eu olho e vejo que por dois minutos eu deixei de atender o lance que tava na minha fuça, piscando, mas sem se mover ou fazer qualquer barulho. 

Nunca encontro o celular na minha bolsa a tempo, mesmo quando eu to com o fone na orelha e ouço tocar desde o princípio. Às vezes me ligam quando eu to entrando no ônibus e eu não consigo subir carregando mochila, fios, cartão do tri interminável, eu mesma e o anexo e ainda atender ao telefone simultaneamente. 

Ah! Também deixo o celular no andar de cima lá em casa, ouço tocar de baixo e ou não chego ou desisto antes de tentar. Outras vezes nem ouço. Quase sempre toca o telefone quando eu to no banho. 

É comum tocar o telefone quando eu to dormindo, mas aí eu atendo e falo. Converso mó tempão. Mas isso não quer dizer que eu tenha acordado. Aí no outro dia eu não lembro de nada. Creio que ao menos a pessoa do outro lado se divirta já que útil não há de ser. 

Isso é só pra dizer pra ti, querido leitor, que se eu não te atendi não é porque não te amo mais. O problema não é você, sou eu. E meu telefone, naturalmente. Por isso que, sempre que eu posso, jogo ele pra se espatifar no chão e ainda faço parecer um acidente. 

sexta-feira, 6 de março de 2009

lição de vida

Esses dias acordei e tava rolando uma matéria no Bom Dia Brasil sobre a tenebrosa onda de calor em São Paulo. Era gente reclamando, gente gemendo, gente passando mal. Era recorde, diziam os apresentadores. Aí deram um close no termômetro, daqueles que ficam na rua, no SOL. A temperatura mostrava 31°. Repito: 31°.

Teria caído se já não estivesse estatelada na cama. Oi? Trinta e um e as pessoas naquele estado? TRINTA E UM e uma reportagem de três longos minutos sobre essa aberração climática? Olha, até podem me dizer que a poluição piora a sensação térmica e escambau, mas, meeeeeeeeu, nada explica essa histeria. Aliás, histeria de paulista não me assombra. O que me assombra mesmo é a atenção dedicada. Se bem que, né?, globo. Deixa quieto. 

Então nem vou falar que Porto Alegre é quente pra caralho no verão - e um frio do cão no inverno, por isso somos tão resistentes, somos pasteurizados - porque essa coisa de se fazer de vítima vou deixar pro pessoal de São Paulo. Mas que a manchete e a reportagem a seguir sirvam de lição:

Calor de 45° derrete asfalto no interior do Paraná

Os conceitos nacionais sobre temperatura na região sul e clima subtropical nunca foram tão abalados, ahn? Aprendam, centristas, o inferno fica embaixo. 

quarta-feira, 4 de março de 2009

o livro

Tá aqui, ó, o nome correto, a capa e a sinopse da publicação a que me refiro no post abaixo. 

Nada não, mas a minha ideia é muito melhor. 




terça-feira, 3 de março de 2009

ovos e filosofia

Agora vindo pro trabalho avistei na banca de revistas a capa de uma fenomenal publicação que me rendeu diversas reflexões acerca da existência. Na verdade, o livro se propunha a isso mesmo, e devo respeitar a eficiência, porque nem precisei abrir o volume pra desencadear a minha filosofia matinal. O título era algo como Grandes Questões Religiosas e trazia na capa a enigmática imagem de uma galinha olhando com sincero espanto e receio para um ovo, que provavelmente tinha saído de sua cloaca. Por isso só eu já tinha ganhado o dia, mas eis que descubro que é só digitar ovo e galinha, sem aspas nem nada, no google images e voilá:






Não é sensacional? Um livro que vende em banca de revista e deve custar uns cinco contos tem uma capa from google e te faz refletir tal qual um filósofo só de saber que ele existe. 

Adoro o fato de, já de cara, o autor resumir todas as grandes questões da humanidade no tosco questionamento a respeito de quem veio primeiro: ovo ou galinha. 

Se meu livro fosse, teria uma página só, mas duas versões. Uma edição atéia, com a resposta "o ovo veio primeiro", seguida de uma breve explicação. 

(explicação: na minha concepção genial, o ovo obviamente veio primeiro. Considerando a evolução, o primeiro ovo de onde saiu uma GALINHA, é um ovo de galinha, ainda que tenha sido colocado e chocado por um pterodátilo. Pra mim isso faz todo sentido e, por favor, calem-se biólogos, paleontólogos, cientistas em geral e Carioca). 

Na edição católica, nem precisava tanto: estaria escrito GALINHA. Eles iam entender, lógico. Deus criou a galinha, ué. Então o ovo veio depois, assim como os óvulos de Eva. Aliás, se algum religioso não entendesse, ia dar um jeito de fazer a pessoa entrar em crise colocando em letras miúdas no fim da página: não compreendes, ser de pouca fé?

Pena que fizeram antes de mim. 

VA

Na noite de segunda-feira, por volta das 21h, uma jovem foi humilhada publicamente em uma das esquinas mais movimentadas do boêmio bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. Na noite agradável de verão, diante de uma hypada sorveteria local e perante dezenas de transeuntes, o talvez namorado, ex ou pretendente da moça, mas certamente babaca, resolveu pedir perdão pra ela da forma mais racionalmente inexplicável: com um carro de som e uma mensagem ao vivo. 

Sim, senhores. Quando passei pelo dito local, ainda pude ouvir a moça do microfone agradecendo a presença da vítima em questão com um tom constrangido na voz, um pouco apressada para acabar logo com a palhaçada. As pessoas que assistiam à cena também não pareciam muito confortáveis ou emocionadas. Todos se mantinham um pouco distantes e cautelosos. O que me fez pensar que algo estranho ocorria. De outra forma, haveria uma galera em volta, batendo palminhas, enxugando as lágrimas, cantando junto, sonhando com a sua vez de ter um grande amor ou simplesmente rindo de forma descontrolada. Ao me aproximar, visualizei a jovem segurando um vaso de flores, aos prantos mas com ódio cego no olhar, enquanto o paspalho se explicava, já sem paciência e aos berros, ostentandoo um bonezinho e uma camisa de futebol. 

- pausa pra visualizar o quadro desolador –

Olha, na boa, só conheço uma situação pior do que essa, o ocorrido com nossa amiga Edna (memória). Porque, salafrários do meu Brasil, se vocês fizeram merda, no mínimo tenham a decência de manter a discrição. Porque, sério, não sei QUEM acreditaria no arrependimento e no amor de quem achou que seria uma boa ideia divulgar uma provável cornitude no meio da rua, com balões, confetes e serpentinas. E depois pedir perdão em local público, pra evitar agressão e possível homicídio. Convenhamos, não tive dúvidas de que, se comigo fosse, o vaso de flores estaria, naquele momento, espatifado no chão em mil pedaços, depois de ter causado um traumatismo craniano no infeliz. Foi idiota? Se arrependeu? Então, conselho de amiga, ser AINDA MAIS idiota pra disfarçar e tirar todo o brilho da primeira cagada não é uma tática, ok?

Não vou nem comentar o fato de o arigó ter dado tamanha importância pro momento, que resolveu fazer a declaração no meio do caminho pro joguinho de futebol com os amigos. Mas queria lembrar da trilha sonora completa do festival da vergonha. Quando eu cheguei, a tia do carro de som, visivelmente enervada, trocava freneticamente de música até achar alguma que ornasse a cena. Lembro de uma breguice ou outra. No fim, ela optou por deixar Celine Dion se esganiçando e contando pra galera que ela é tudo que é porque algum paspalho amou ela no passado. 

Tá aí uma pessoa que não deve se perdoar, né? Não tivesse feito a bobagem de ter amado Celine Dion, evitaria o sofrimento de uma pá de gente pelo mundo (1998 deve ter sido um ano especialmente difícil em questão de remorso), quiçá da jovem em questão. Diante disso, deixo só uma palavra pros que amam cegamente (namorados, filhos, animais de estimação, objetos inanimados): Frankenstein.