Na noite de segunda-feira, por volta das 21h, uma jovem foi humilhada publicamente em uma das esquinas mais movimentadas do boêmio bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. Na noite agradável de verão, diante de uma hypada sorveteria local e perante dezenas de transeuntes, o talvez namorado, ex ou pretendente da moça, mas certamente babaca, resolveu pedir perdão pra ela da forma mais racionalmente inexplicável: com um carro de som e uma mensagem ao vivo.
Sim, senhores. Quando passei pelo dito local, ainda pude ouvir a moça do microfone agradecendo a presença da vítima em questão com um tom constrangido na voz, um pouco apressada para acabar logo com a palhaçada. As pessoas que assistiam à cena também não pareciam muito confortáveis ou emocionadas. Todos se mantinham um pouco distantes e cautelosos. O que me fez pensar que algo estranho ocorria. De outra forma, haveria uma galera em volta, batendo palminhas, enxugando as lágrimas, cantando junto, sonhando com a sua vez de ter um grande amor ou simplesmente rindo de forma descontrolada. Ao me aproximar, visualizei a jovem segurando um vaso de flores, aos prantos mas com ódio cego no olhar, enquanto o paspalho se explicava, já sem paciência e aos berros, ostentandoo um bonezinho e uma camisa de futebol.
- pausa pra visualizar o quadro desolador –
Olha, na boa, só conheço uma situação pior do que essa, o ocorrido com nossa amiga Edna (memória). Porque, salafrários do meu Brasil, se vocês fizeram merda, no mínimo tenham a decência de manter a discrição. Porque, sério, não sei QUEM acreditaria no arrependimento e no amor de quem achou que seria uma boa ideia divulgar uma provável cornitude no meio da rua, com balões, confetes e serpentinas. E depois pedir perdão em local público, pra evitar agressão e possível homicídio. Convenhamos, não tive dúvidas de que, se comigo fosse, o vaso de flores estaria, naquele momento, espatifado no chão em mil pedaços, depois de ter causado um traumatismo craniano no infeliz. Foi idiota? Se arrependeu? Então, conselho de amiga, ser AINDA MAIS idiota pra disfarçar e tirar todo o brilho da primeira cagada não é uma tática, ok?
Não vou nem comentar o fato de o arigó ter dado tamanha importância pro momento, que resolveu fazer a declaração no meio do caminho pro joguinho de futebol com os amigos. Mas queria lembrar da trilha sonora completa do festival da vergonha. Quando eu cheguei, a tia do carro de som, visivelmente enervada, trocava freneticamente de música até achar alguma que ornasse a cena. Lembro de uma breguice ou outra. No fim, ela optou por deixar Celine Dion se esganiçando e contando pra galera que ela é tudo que é porque algum paspalho amou ela no passado.
Tá aí uma pessoa que não deve se perdoar, né? Não tivesse feito a bobagem de ter amado Celine Dion, evitaria o sofrimento de uma pá de gente pelo mundo (1998 deve ter sido um ano especialmente difícil em questão de remorso), quiçá da jovem em questão. Diante disso, deixo só uma palavra pros que amam cegamente (namorados, filhos, animais de estimação, objetos inanimados): Frankenstein.
Um comentário:
Alguém que convoca um carro de som para pedir perdão pode ser chamado de racional?
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