Esses tempos, passeando na interminável teia de links que é o mundo de blogs, acabei chegando no Vai que cola. Como vocês podem ver, é uma coletânea absurda de cantadas infames, umas bem bestas, outras muito engraçadas. Eu leio e penso que, se me dissessem um lance desses, eu ia ter um ataque de riso tão power, que o cara não ia esperar eu terminar de convulsionar pra ouvir a resposta. Galanteadora que sou, andei testando algumas delas nas garçonetes do Parangolé, que, por mera coincidência, são minhas amigas e me aturam mesmo quando eu falo bobagens sem tamanho (valeu, gurias). Um dia tomarei coragem pra tentar ganhar umas biras com algum desses galanteios pré-fabricados.
Enquanto esse dia não chega, refleti um pouco sobre cantadas hoje, no caminho pro Império do Cimento. Embora totalmente espontâneas, os dois tipos de xavecos a seguir são muito comuns e padronizados. E não estou falando da velha sugada de ar bagaceira que alegra o nosso cotidiano. Acompanhem e vejam se isso não ocorre com freqüência:
Cantada verbal não intencional e sem sentido: Tu tá caminhando na rua e vem na tua direção um tiozão tarado que, ainda a alguns metros de distância, já te achou e entrou em transe (tu nem precisa ser uma beauty queen, basta aparentar ser menina e tá valendo, eles devem fazer isso umas 20 vezes por dia, só no caminho pra quitanda). Ao lado dele, um amigo continua o assunto do qual ele participava ativamente antes de te enxergar e passar a ignorar solenemente a prosa em prol de arranjar o melhor ângulo pra ver teus peitos e melhor distância pra se fazer perceber ao passar do teu lado. Ele se aproxima e cara de psicopata só se destaca mais. Mesmo com medo, tu faz um esforço pra ignorar a pinta, usando a velha técnica de ver-como-se-não-olhasse*, que é pra se manter alerta em caso de ataque, mas evitar que ele ache que tu está dando trela. Quando ele chega perto de ti e tu ainda olha em direção ao horizonte, ele sabe que é a última chance de chamar a atenção. Sabe que tem que dizer algo. Mas o que? Aí ele lembra que o inocente amigo ainda aguarda ansioso uma resposta e eureka! Aí estão as palavras que me faltam. Aí ele responde, com empolgação desproporcional ao tema “FOI NA QUINTA-FEIRA!”, aos berros, no teu ouvido, como se tu estivesse interessada ou tivesse culpa pelo ocorrido. Hoje um moço me disse que “É ASSIM MESMO!” e depois do susto, eu só pude concordar com ele, que seguiu filosofando, mas em volume moderado.
Cantada efetivamente cantada, mas não com muito mais sentido: A cena é basicamente a mesma, só que protagonizada por taradões mais descolados. Em geral menos tímidos e com menos auto-crítica. Tu passa pelo cara e, pela expressão vazia, já sabe que virá uma bomba. Mas ele é artista! Logo após dar a conferida na tua bunda, ele começa a cantar, em alto e bom tom, como se no palco ou num buraco negro (onde som não se propaga) estivesse. Em geral eles engatam um pagodão, que pode ser roots (vou comprar uma faixa amarela, bordada com o nome dela...), tradicional (to fazendo amor com outra pessoaaa, mas meu coração vai ser pra sempre teeeeuu) ou uma composição totalmente desconhecida para leigos, duma dessas bandinhas de pagode universitário, tipo Inimigos do HP (beija minha boca, tira a minha roupa, tira o meu sossego, que eu to querenu!) ou Canta Kgente, Jeito Moleque, Sorriso Maroto e a criatividade segue rumo ao infinito. Na boa? Enquanto o pessoal permanecer nessa vibe eu levanto as mãos pro céu e agradeço. Triste mesmo vai ser quando as gurias passarem e o galante em questão soltar um “Créeeeeeuuuu!”, seguido pelas risadinhas dos amigos ou, ainda, recitar o essa bela poesia: “eu te trato tipo rainha, tu me trata tipo rei, tipo rei, tipo rei, tipo rei!”**. Chuto que isso já acontece em pontos isolados, mas prevejo uma pequena onda de calor pra que isso se espalhe por todos os cantos. Anotem.
Um comentário:
olha, juro que estou a um passo de te pagar uma cerveja para que tu PARE de perguntar se eu como ratos.
garçonete do parangolé, a morena
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