sexta-feira, 26 de setembro de 2008

refletindo

O bonito da filosofia é que ela tá em todo lugar. Principalmente onde a gente acha que não seria possível ou recomendável. Pois bem, eu sou uma pseudo-filósofa de expediente. Mas não me considero uma fonte improvável de filosofia (muito menos provável, é que eu não sou fonte mesmo), eu só to treinando porque um dia hei de ser uma grande conselheira.

Eu sou adepta da filosofia musical. Pra aderir a esse tipo de pensamento, porém, é necessário livrar-se totalmente de preconceitos e mesmo de bom gosto. Porque, como eu disse antes, os bons conselhos saem dos lugares mais inóspitos e, devo dizer, tenho aprendido muito com um gênero musical que em nada me apetece. 

- Funk carioca?

Nooooo! Eu sei que essa foi a primeira reação de todo mundo, seguida de: ah, tava achando sério demais mesmo, lá vem ela colar letra de pancadão bagaceiro e dizer que aprendeu muito com os manos das correntes. 

Estão redondamente enganados, porque falo sério. Atrevo-me a dizer que faz tempo que não falo num nível tão baixo de besteirol (efeito LHC, sem dúvida, o bom e velho incentivo na busca de sentido quando a vida parece estar prestes a findar). 

Pois bem, eu não sou reggaera. Reggae me irrita, porque são todos iguais, porque dançar reggae só é legal por dois minutos, depois tu cansa de ficar dando pulinhos. Na verdade, eu até posso ouvir uma música de reggae por dia e, ok, acho massa. Até posso ouvir de novo, mas a mesma. Porque se eu escutar duas diferentes eu encho o saco. Show de reggae me dá nos nervos, as pessoas puxam, prendem, deixam a cabeça pender pra trás e sacodem loucamente enquanto seguem naquele sequência infindável de pulinhos. E isso me faz crer que talvez eu não goste de reggae porque não fumo maconha. Mas eu sei que a recíproca não é verdadeira e que não é relação de causa e efeito, ou vice-versa. Não é todo maconheiro que curte reggae ou todo reggaeiro que curte maconha, por definição. Porém, por maioria de votos é o que acontece, é uma questão cultural, social, whatever. Mas nada contra reggaeiros ou maconheiros, ok? Eu só tento saber porque não gosto desse simpático gênero musical. E a verdade é que a única coisa no reggae que eu não gosto é ter que escutar, só isso. 

E então que meus maiores conselheiros musicais vêm justo dessa vertente, e não são quaisquer dois, ahn? Em momentos difíceis da vida, em momentos de decisão, em momentos de angústia, nervos, em momentos de caos e desespero, sigo a filosofia de dois altos representantes da turma do reggae (claro que podem estar ultrapassados, mas acho que se eles parecem altos representantes para uma leiga e soam como ícones pra quem sequer gosta da coisa, devem ser reconhecidos como tais).

- Fuma um?

Nooooo! Não sigo seus hábitos, mas suas palavras de sabedoria. E talvez mesmo por não seguir seus hábitos eu não tenha sido capaz de formular tais pensamentos (alou, maconheiros, façam as pazes comigo). 

Quando estou cega de ódio ou raiva, com a mente confusa e aflita, espero baixar o Jimmy. 

- Que Jimmy?

O Cliff!



Os sábios que mais admiro é os que ainda sorriem


Acabo de descobrir (avisei que era ignorante no tema) que Mestre Jimmy Cliff não é o autor da música que o consagrou. Mas, bem, ele regravou e espalhou a mensagem pros quatro cantos do mundo, merece crédito. E é a voz dele que me vem à mente quando escuto as palavras que mostrarei a seguir, portanto o post segue seu rumo. Antes, porém, devo dizer que o mestre do mestre é Johnny Nash, autor oficial da grandiosa música I can see clearly now. Acompanhem:

I can see clearly now the rain is gone. I can see all obstacles in my way.
Gone are the dark clouds that had me blind.
It's gonna be a bright (bright) bright (bright) sunshiny day. 
It's gonna be a bright (bright) bright (bright) sunshine day. 

Oh yes, I can make it now the pain is gone. 
All of the bad feelings have disappeared. 
Here is the rainbow I've been praying for. 
It's gonna be a bright (bright) bright (bright) sunshine day.


Baixar o Jimmy é aquele momento em que tu pára, concentra, e tenta dissipar as nuvens da irracionalidade, tentando ver a real situação em que se encontra. Enxerga, assim, todos os obstáculos no caminho, como diz a letra. Esse é o momento de sapiência em que tu percebe que, bem, fudeu, e talvez bem fudido, mas sabe que a noção do tamanho da fodelança é o primeiro passo pra resolver tudo. Da mesma forma, tu pode acabar percebendo que metade do problema é pura paranóia. Ou mesmo acabar descobrindo que não há solução. De qualquer forma, o conhecimento que provém de um momento Jimmy, traz o sopro de ânimo que falta. A partir daí, completamente ciente da dimensão do problema (se é que o há) e do alcance dos próprios atos, se pode crer que será um lindo dia de sol. 

Juro que a música realmente toca na minha cabeça em casos assim. 


Pois bem, após o momento clarividente de Jimmy, chega a hora de tomar atitudes. Em uma frase só, o filho do hôme (não, não estamos falando de Jesus, embora desconfie que ele daria um ótimo reggaeiro) sintetiza o que deve guiar nosso pensamento, sempre que precisamos decidir algo.


Sapiência estampada na face


Confesso que já nem sei se ele é o real autor dessa música. Acho até que não, a bem da verdade. Mas, né?, deixa assim mesmo. Afinal, com a chegada de Ziggy Marley, forma-se o combo de momentos Jimmy + Ziggy, responsável por abrilhantar meu dia e me ajudar a superar as vicissitudes da vida. 

Ziggy nos diz:

Got to be true to myself

E ele está coberto de razão. 

Afinal, considerando, claro, as essenciais porém subestimadas barreiras do respeito ao próximo, só se tem que prestar contas a uma pessoa: a si próprio. Acho que o auto-conhecimento pode ser a chave de quase tudo nessa vida. É um saco, na maioria das vezes, mas acho que vale o sofrimento. Ainda mais se considerarmos que não é todo mundo que tem oportunidade, energia e tempo pra se confrontar internamente, né?

Além de tudo, já tenho que mentir pra tanta gente (você, leitor, principalmente), vou mentir pra mim ainda por cima? Ah não. Muita mão. Heh


2 comentários:

cecilia disse...

nooossa, será q aquele é o HINO das mentes confusas? pq qdo tu falou q esperava baixar o jimmy, a música já me veio direto!

e bien, eu até poderia realmente gostar de reggae, mas ODEIO repetiçoes de frase em qualquer tipo de música, e reggae é basicamente isso. coisa chata!

e essa do ziggy, meu bom deus. a mais chata EVAHHHH (até que eu lembre de outra).

administrador disse...

por isso alertei que o bom gosto deve ser deixado de lado nesses momentos. o ziggy é terrivelmente chato e o bob que me perdoe, mas ele é irritante também.
só que são sábios, tremendamente sábios. e acho que o lance da repetição é tipo, sei lá, mantra, saca? ahahahahahahhaha