quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

dí aaaaaaaaaaaaaaaaaai diôw!


Quando eu era uma pirralha chata de uns cinco ou seis anos tinha uma empregada que morava na nossa casa. Eu não saberia dizer a idade dela na época porque, bem, desde pequena eu tenho a mania de achar que todo mundo que é mais velho que eu é simplesmente velho e pronto, até que eu chego na idade que a pessoa tinha, aí começo a dizer que ela era jovem, sacam? Portanto até imagino que ela tinha idade que eu tenho hoje, sei lá. Sei que ela me contava das naites dela e eu ficava a-pa-vo-ra-da com tamanho tédio. Tédio, foi isso que vocês leram. Parecia tudo tãaaao boring pra mim que jurei que quando chegasse a minha vez, faria tudo diferente. Aí ela tinha uns namorados de gosto totalmente duvidoso. E ainda levava lá em casa quando minha mãe não tava. Ta ligado O Pestinha? Aham.

Então um dia ela apareceu com um milico, fardado e tudo. Ai eu me irritei, néam? Na época eu não sabia dizer o motivo, mas imediatamente não fui com cara do G.I. Joe supersized que vinha se rindo todo pro nosso lado. Poderia ter dito:

- Sabe o que meu irmão e eu fazemos com os Comandos em Ação? Transplante de cabeça e membros. E muitas vezes os novos órgãos são rejeitados e aí só sobra o toquinho.


Seguido de risada maligna. Teria sido massa.



- oi? é comigo?

Mas à época eu ainda não era tãaaao endemoniada assim e resolvi tentar um caminho mais simples e encher o saco dos dois da maneira em que eu era mais eficiente: sendo eu mesma. Rá!

A cada cinco minutos parava entre os dois, que namoravam na cozinha, e pedia uma coisa beeeeeeeeeem chata pra Jussara. A seqüência era: to com fome, to com sede, to com frio, olha ele! (referindo-me ao meu irmão, não ao soldadinho de chumbo), e to com sono. Se eles aturassem tudo, começava de novo. Mas acho que parei no olha ele! porque eles olharam mesmo e o mané fardado teve a BRILHANTE idéia de distrair o meu irmão da forma mais questionável possível: arriscando a vida da criança.

Minha casa tinha uma escadaria grande (grande mesmo, não grande como o buraco da Belinda) e com um supercorrimão de parede (mesmo material da parede). Ela não era daquelas que dão a volta em torno de seu próprio eixo, era reta, só dobrava lá no final porque se não seria uma escada para a casa ao lado, né? Colocação desnecessária, enfim. Aí o milico maluco resolveu mostrar pro meu irmão como se desce uma escada escorregando pelo corrimão. Olha, eu mesma já tentei matar meu irmão outras vezes, naquela mesma escada, mas EU posso, né? Com essa atitude invasiva por parte do paspalhão fiquei possuída pelo demônio. Meu irmão, débil, já tinha subido na parte do corrimão que ficava no mezzanino (? – é essa e denominação? achei chique por demais) e esperava realmente fazer duas curvas de 90° guiado pela própria bunda. Obviamente, dali ele só poderia ir direto pro chão. O esperto Joe não se atinava de nada (acho mesmo que faltava alguma coisa dentro daquela cachola) e se preparava pra subir no corrimão. Aí eu comecei a ameaçar todo mundo evocando o terrível nome que gelava a espinha de qualquer um naquela época:



- Vou contar pra MANHÊEEEE!



Aí a Jussara sentiu o catuco e começou a mandar parar com a palhaçada. E nessa do meu irmão pendurado, eu ameaçando todo mundo, a pobre moça em estado de desespero e o milico achando tudo super engraçado, gerou-se o caos. Aí o mongolão conseguiu ignorar o caos, foi lá e montou no corrimão como se num pônei estivesse. Só que, descordenado que era, conseguiu dar uma bangornada com o coturno na parede – já disse que a casa era meio, ahn, velha? – que, por sua vez, desprendeu um pedaço de concreto do tamanho de um Vai-e-Vem do Gugu*, que foi parar justo em cima da cristaleira de mami. Por sinal, a mesma cristaleira que meu pai adentrou na infância, mas essa história eu conto depois. O abalo sísmico causado pelo choque do concreto com o móvel vezes a aceleração da gravidade não chegou a quebrar muita coisa. Mas, gurizada, o pavor na cara daquela gente jamais esquecerei.



Acho que foi mais ou menos nessa época que virei terrorista emocional.




ei! teu fecho tá aberto!
mas acho que isso é secundário pra quem deslocou a bacia, né?







*


3 comentários:

Gabi Voskelis disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaa
essa série de memórias infantis é a melhor de todos os tempos! hahahahahahahahahahaha
to rindo demais!

Luiz Carlos disse...

Hauhauhauahuahauahuahuah

(pausa pra respirar)

Haheueahueahuhheuahuh

Ju, sério, vc precisa arranjar um jeito de ganhar dinheiro com isso

Anônimo disse...

faço deles as minhas risadas