terça-feira, 29 de janeiro de 2008

carros

Dentre os 249 carros populares que meu papito possuiu durante minha infância (não simultaneamente, bem entendido, porque ele não era despachante) dois marcaram nossa existência. O primeiro era um fuca (sem o S) branco (não branco colgate, mas acho que era pra ser) que veio a ser o primeiro veículo da família. Tínhamos um orgulho imensurável do fusqueta por completo, mas uma parte específica da caranga era o xodó meu de meu querido hermanito: o buraco!

- What!?

O buraco!

O fuca (e o Word acha que é fuça! Heh) tinha total acesso ao porta-malas por dentro do veículo. Na real, aquela parte atrás do banco do fundo onde a gente empilha coisas e abafa o som era totalmente aberta, um buraco, portanto. Aí meu irmão e eu determinamos aquela como nossa área de lazer. E sempre dávamos um jeito de nos enfiar no buraco (ui!) mesmo com o carro em movimento (alou, EPTC?). Aliás, o banco era desconsiderado por completo, porque legal mesmo era andar no porta-malas, e até começamos a colocar uns acessórios pra dar um UP no ambiente. Nisso aí eu tinha uns quatro anos e ele, três. O tempo passou e a caranga foi vendida, dando início ao troca-troca infindável de veículos (tradição familiar). Nada durava nem meio ano. Calaro que choramos muito ao nos despedir do buraco e ter que andar sentados no banco como crianças normais e sem tendências suicidas. Mas um tempo depois, veio a glória.


Meu pai comprou uma Belina com um buraco MUITO maior. Claro, nós já estávamos maiores, mas ainda assim era um conforto só. Imaginem vocês o tamanho do nosso whole new hole. Aí surgiu a oportunidade de irmos pra praia com a Belina, que chamávamos de Belinda, tamanho nosso amor pelo buraco dela. E viajaríamos com nossos primos, que também já tinham experimentado a incrível sensação de passear nos fundos da caranga, então resolvemos organizar a trip inesquecível. Nos juntamos secretamente num desses maravilhosos domingos familiares (churrasco, sobremesa, videogame, jogo do Inter, resto do churrasco e choradeira pra dormir um na casa do outro) para planejar o nosso acampamento móvel no porta-malas da Belinda!


Fizemos uma planta baixa do território (amplo, muito amplo) e desenhamos tudo que precisaríamos para nosso conforto e diversão: almofadas, estoques de comida, lampião, minigame, caneta e papel (pra jogar stop e forca) e tudo mais. Claro que na nossa cabeça louca o porta-malas media, tipo, 2mx2m, e isso, bem, estava um pouquinho longe da realidade. De qualquer forma, ainda que apertados pretendíamos não só viajar no buraco com dormir lá algumas noites.

Pausa.

Essa história é verídica.

Retornando.

Sabíamos que dormir lá poderia ser vetado pelos adultos ditadores e acabaria se tornando um divertido ato de rebeldia infantil. Mas em nenhum momento passou pela nossa cabeça que nossos sensatos pais iriam impedir que quatro crianças loucas viajassem até Sombrio* num porta-malas, cercados de almofadas e portando um lampião aceso. Monstros! Acabaram com nossa alegria. No fim, todos os nossos planos foram podados por papis e mamis e tivemos que viajar como uma família normal e fora-da-lei (quatro no banco de trás? Alooooouuu, EPTC!). E eu não canso de pensar: se era pra arriscar nossas quatro vidinhas (na verdade uma, a que ficou sem cinto. Heh) e descumprir as leis de trânsito por que não deixaram a gente acampar no buraco? Seria porque mal cabia dois de nós, bem apertados, lá dentro?

Pensarei sobre...

* Saca só o nome da PRAIA onde passei meus veraneios de infância. Cre-do.

10 comentários:

Anônimo disse...

a sequência de aventuras automobilísticas da minha família também incluiu um fuca branco e uma belina. mas não sabia da existência do tal buraco. que coisa, as viagens para santa catarina poderiam ter sido tão mais divertidas. quanto ao nome da praia, o melhor é considerá-la no contexto da região, que além de "sombrio", tem nos arredores as sempre alegres "ermo" e "turvo".

administrador disse...

séeeeeeeeeeerio que esses lugares existem? imagina! ermo ainda vai...agora: turvo? se isso é nome de praia?

quanto aos buracos, acho que era defeito mesmo! ahahahahah

Gabi Voskelis disse...

eu já era adolescente quando meu tio comprou um corsa tipo caminhonete, saca? (entendo nada de carro)

imagina a alegria minha, dos meus primos e dos respectivos cachorros com aquele buraco enooooooooorme!

cecilia disse...

AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!

sempre achei q o nosso fosse o unico fuca com buracooooo!!!!!

lágrimas! lágrimas!!

sério, nunca pensei que alguém compartilhasse dessas lembranças e ainda com o mesmo nome... "o buraco"!! o saudoso buraco! ai, q emoção! nem li tudo ainda mas tive q vir compartilhar! já volto pra comentar tudo =D

cecilia disse...

já recomposta, cá estou.

sabe q na mesma época do fuca da minha mãe meu pai tinha uma variant (II) - aliás, meu pai teve a variant até uns 3 anos atrás.

pausa pra historinha legal da variant:

minha mãe trabalhadora deste brasil comprou um corcel 2 com seu dinheiro de funcionária pública. tempos depois lá estava minha mãe parindo meu irmão no hospital e meu pai aproveitando o momento de imobilidade pegou seu corcel e trocou por uma variant pq era melhor pra ELE ir trabalhar. legal, né?

então. a variant tinha este mega espaço tipo da belina, e nós também gostávamos muito e inclusive dava pra fazer uma bela cama baixando o banco traseiro... e realmente naquela época não tinha fiscalização nenhuma sobre isso.

mas o buraco do fuca tinha uma coisa apertada especial, né? muito interessante.

administrador disse...

óoooooooonnn! vocês não sabem como eu fico feliz ao ler todos esses depoimentos comoventes sobre buracos, fucas, belinas, variants e corsas! sério, que relação emocional bonita que as crianças criam com os carros, né?

aliás, letícia, lamento por tu ter sido a única a não ter contato com o BURACO, mas ainda há tempo, és jovem. corra atrás desse sonho! go girl!

Luiz Carlos disse...

Também tivemos um fusquinha igual ao do Itamar, uma simpatia só. Mas com o passar do tempo ele acabou se transformando num depósito de ferro velho. Até pq tinhamos uma parati muito mais legal e espaçosa. Daí um dia toquei fogo nuns jornais velhos e fiz uma sujeirada dos infernos no quintal. Pra fugir da bronca, me enfiei dentro dos destroços do fusca e fiquei lá por umas cinco horas, até minha mãe achar.

É claro que a briga foi bem pior por causa disso. E foi tudo mais ou menos na mesma época em que fiquei preso dentro da geladeira...

É... enfim. =X

administrador disse...

ahahhahaha
tu PRECISA contar a história da geladeira!


AGORA!

Luiz Carlos disse...

Ah, eu tava brincando de Indiana Jones e acabei entrando na caverna errada, pelo que me lembro.

Mas era uma geladeira desligada num quarto escuro. E acho que era daquelas que fazem pressão quando fecham, saca? Daí, uma vez lá dentro, não conseguia abrir de jeito nenhum. Mamãe ouviu meus gritos abafados e achou que eu tinha caído num poço ou algo que o valha. Ainda demorou uns minutos pra me salvar.

Tri diver!

cecilia disse...

aauhuhaauhuhauhauhauhauhauha

adorei a infância do carioca!

e adorei o estímulo "ainda há tempo, és jovem. corra atrás desse sonho! go girl!"

se for usar um vocativo pra mim, me chama de octi hehehehe.