Dentre os 249 carros populares que meu papito possuiu durante minha infância (não simultaneamente, bem entendido, porque ele não era despachante) dois marcaram nossa existência. O primeiro era um fuca (sem o S) branco (não branco colgate, mas acho que era pra ser) que veio a ser o primeiro veículo da família. Tínhamos um orgulho imensurável do fusqueta por completo, mas uma parte específica da caranga era o xodó meu de meu querido hermanito: o buraco!
- What!?
O buraco!
O fuca (e o Word acha que é fuça! Heh) tinha total acesso ao porta-malas por dentro do veículo. Na real, aquela parte atrás do banco do fundo onde a gente empilha coisas e abafa o som era totalmente aberta, um buraco, portanto. Aí meu irmão e eu determinamos aquela como nossa área de lazer. E sempre dávamos um jeito de nos enfiar no buraco (ui!) mesmo com o carro em movimento (alou, EPTC?). Aliás, o banco era desconsiderado por completo, porque legal mesmo era andar no porta-malas, e até começamos a colocar uns acessórios pra dar um UP no ambiente. Nisso aí eu tinha uns quatro anos e ele, três. O tempo passou e a caranga foi vendida, dando início ao troca-troca infindável de veículos (tradição familiar). Nada durava nem meio ano. Calaro que choramos muito ao nos despedir do buraco e ter que andar sentados no banco como crianças normais e sem tendências suicidas. Mas um tempo depois, veio a glória.
Meu pai comprou uma Belina com um buraco MUITO maior. Claro, nós já estávamos maiores, mas ainda assim era um conforto só. Imaginem vocês o tamanho do nosso whole new hole. Aí surgiu a oportunidade de irmos pra praia com a Belina, que chamávamos de Belinda, tamanho nosso amor pelo buraco dela. E viajaríamos com nossos primos, que também já tinham experimentado a incrível sensação de passear nos fundos da caranga, então resolvemos organizar a trip inesquecível. Nos juntamos secretamente num desses maravilhosos domingos familiares (churrasco, sobremesa, videogame, jogo do Inter, resto do churrasco e choradeira pra dormir um na casa do outro) para planejar o nosso acampamento móvel no porta-malas da Belinda!
Fizemos uma planta baixa do território (amplo, muito amplo) e desenhamos tudo que precisaríamos para nosso conforto e diversão: almofadas, estoques de comida, lampião, minigame, caneta e papel (pra jogar stop e forca) e tudo mais. Claro que na nossa cabeça louca o porta-malas media, tipo, 2mx2m, e isso, bem, estava um pouquinho longe da realidade. De qualquer forma, ainda que apertados pretendíamos não só viajar no buraco com dormir lá algumas noites.
Pausa.
Essa história é verídica.
Retornando.
Sabíamos que dormir lá poderia ser vetado pelos adultos ditadores e acabaria se tornando um divertido ato de rebeldia infantil. Mas em nenhum momento passou pela nossa cabeça que nossos sensatos pais iriam impedir que quatro crianças loucas viajassem até Sombrio* num porta-malas, cercados de almofadas e portando um lampião aceso. Monstros! Acabaram com nossa alegria. No fim, todos os nossos planos foram podados por papis e mamis e tivemos que viajar como uma família normal e fora-da-lei (quatro no banco de trás? Alooooouuu, EPTC!). E eu não canso de pensar: se era pra arriscar nossas quatro vidinhas (na verdade uma, a que ficou sem cinto. Heh) e descumprir as leis de trânsito por que não deixaram a gente acampar no buraco? Seria porque mal cabia dois de nós, bem apertados, lá dentro?
Pensarei sobre...
* Saca só o nome da PRAIA onde passei meus veraneios de infância. Cre-do.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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10 comentários:
a sequência de aventuras automobilísticas da minha família também incluiu um fuca branco e uma belina. mas não sabia da existência do tal buraco. que coisa, as viagens para santa catarina poderiam ter sido tão mais divertidas. quanto ao nome da praia, o melhor é considerá-la no contexto da região, que além de "sombrio", tem nos arredores as sempre alegres "ermo" e "turvo".
séeeeeeeeeeerio que esses lugares existem? imagina! ermo ainda vai...agora: turvo? se isso é nome de praia?
quanto aos buracos, acho que era defeito mesmo! ahahahahah
eu já era adolescente quando meu tio comprou um corsa tipo caminhonete, saca? (entendo nada de carro)
imagina a alegria minha, dos meus primos e dos respectivos cachorros com aquele buraco enooooooooorme!
AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!
sempre achei q o nosso fosse o unico fuca com buracooooo!!!!!
lágrimas! lágrimas!!
sério, nunca pensei que alguém compartilhasse dessas lembranças e ainda com o mesmo nome... "o buraco"!! o saudoso buraco! ai, q emoção! nem li tudo ainda mas tive q vir compartilhar! já volto pra comentar tudo =D
já recomposta, cá estou.
sabe q na mesma época do fuca da minha mãe meu pai tinha uma variant (II) - aliás, meu pai teve a variant até uns 3 anos atrás.
pausa pra historinha legal da variant:
minha mãe trabalhadora deste brasil comprou um corcel 2 com seu dinheiro de funcionária pública. tempos depois lá estava minha mãe parindo meu irmão no hospital e meu pai aproveitando o momento de imobilidade pegou seu corcel e trocou por uma variant pq era melhor pra ELE ir trabalhar. legal, né?
então. a variant tinha este mega espaço tipo da belina, e nós também gostávamos muito e inclusive dava pra fazer uma bela cama baixando o banco traseiro... e realmente naquela época não tinha fiscalização nenhuma sobre isso.
mas o buraco do fuca tinha uma coisa apertada especial, né? muito interessante.
óoooooooonnn! vocês não sabem como eu fico feliz ao ler todos esses depoimentos comoventes sobre buracos, fucas, belinas, variants e corsas! sério, que relação emocional bonita que as crianças criam com os carros, né?
aliás, letícia, lamento por tu ter sido a única a não ter contato com o BURACO, mas ainda há tempo, és jovem. corra atrás desse sonho! go girl!
Também tivemos um fusquinha igual ao do Itamar, uma simpatia só. Mas com o passar do tempo ele acabou se transformando num depósito de ferro velho. Até pq tinhamos uma parati muito mais legal e espaçosa. Daí um dia toquei fogo nuns jornais velhos e fiz uma sujeirada dos infernos no quintal. Pra fugir da bronca, me enfiei dentro dos destroços do fusca e fiquei lá por umas cinco horas, até minha mãe achar.
É claro que a briga foi bem pior por causa disso. E foi tudo mais ou menos na mesma época em que fiquei preso dentro da geladeira...
É... enfim. =X
ahahhahaha
tu PRECISA contar a história da geladeira!
AGORA!
Ah, eu tava brincando de Indiana Jones e acabei entrando na caverna errada, pelo que me lembro.
Mas era uma geladeira desligada num quarto escuro. E acho que era daquelas que fazem pressão quando fecham, saca? Daí, uma vez lá dentro, não conseguia abrir de jeito nenhum. Mamãe ouviu meus gritos abafados e achou que eu tinha caído num poço ou algo que o valha. Ainda demorou uns minutos pra me salvar.
Tri diver!
aauhuhaauhuhauhauhauhauhauha
adorei a infância do carioca!
e adorei o estímulo "ainda há tempo, és jovem. corra atrás desse sonho! go girl!"
se for usar um vocativo pra mim, me chama de octi hehehehe.
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