sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Sobre o pavor

Alô, Criançada! O Bozo chegou!

corram sem olhar pra trás!

Ao contrário do que possa parecer, eu não coloquei essa imagem do inferno aqui só pra tocar o terror gratuitamente, mas sim como recurso didático para falar sobre medo, pavor, pânico e desespero.

Bem, eu morria de medo de palhaços quando era criança. Toda vez que via um bicho feio desses, com aquele bolota vermelha no nariz e a sobrancelha à la Elza Soares, eu passava mal, ficava com febre, fazia um fiascão. Total drama queen. Porém, contrariando qualquer lógica ou lei natural do universo, eu curtia o Bozo. Claro, nessa época eu era uma criança muito sensata e sabia diferenciar ficção da vida real. Por isso, sabia que, ao contrário dos outros palhaços demoníacos que estão soltos por aí, o Bozo não sairia da TV pra me assombrar na escolinha, no shopping ou nos aniversários de amiguinhos. Naturalmente, ir ao circo era um martírio. Puro sofrimento. Ficava tensa o tempo todo tentando adivinhar de onde sairia o próximo IT pra me assustar.

Pois então. O que tenho a dizer é que foi-se o tempo em que o que aparecia na TV não me metia medo.

- Ei! Acho que você está regredindo!
- Quieto ou te compro um pôster da Vovó Mafalda sem calcinha!


Well, a maioria das pessoas da minha geração desenvolveu nervos de aço com relação aos monstros da televisão. Também pudera, saca só o naipe dos personagens infantis que povoavam a tevelândia naquela estranha época (se você usa marca-passo ou tem problemas de pressão, recomendo retirar-se):








O primeiro é um homem. O segundo, melhor que fosse. O terceiro conhece a arte do desespero. O último comia gatos.

Tenebroso, né não? E esse eram os mocinhos carismáticos. Juro.

Mas mesmo tendo passado por tudo isso com corági e, aparentemente, sem seqüelas, descobri algo nos tempos atuais que me mete muito medo. Pensei em guardar essa confissão pro dia em que eu for no programa da Márcia Goldshmidt. Mas talvez isso demore demais, então lá vai:

Eu MORRO de pavor de fantasmas japoneses.


Pronto, falei.

- Mas isso não existe! E mesmo se existissem, acho que as almas penadas não cruzariam o pacífico só pra te assombrar.
- Não te perguntei, otário.

É que com o tempo e as drogas, acho que acabei perdendo esse discernimento básico entre o que é filme e o que é vida real, sabe? Não sei se isso pode chegar a me causar problemas no futuro (São Pedro, here we go again!), mas só pra dar uma noção do horror: eu não me atrevo a colocar uma imagem dum bicho desses aqui - mesmo com minha adoração pelas ilustrações - porque fico a-pá-vo-ra-da com a idéia de procurar “fantasma japonês” no google.

- Agora eu é que tenho medo de você!
- Não o culpo.


Mas, gente, não acham que meu terror de hoje faz mais sentido que o de outrora? Não sei o que passa na cabeça dos diretores de filmes de terror japoneses, mas que fixação é essa por criança morrendo afogada? E por fantasmas com problemas nas juntas? Por que eles nascem amarelos e quando morrem ficam azuis? Já perceberam que até os fantasmas contemporâneos usam roupas feitas de trapos velhos ou de saco de estopa? E cortar os cabelos nem pensar, né?

Sei lá, é muita bizarrice junta, eu entro em pânico. Cara, a Samara (a que menos temo, porque até acho bonitinha em alguns takes, confesso) é tão moderna que TELEFONA pras vítimas e depois sai da TEVÊ (arrá! Veja o meu refúgio infantil indo por água abaixo) pra matar as pessoas. Mas alguém pode me dizer o que ela tava fazendo de camisola na beira do poço quando morreu?

E repararam nas roupas Morticia Adams style da mãe da mina? Pô, no mínimo, a Samara foi parar no fundo do poço depois do advento do videotape, concordam? Ei! A mãe ta VIVA na continuação (vi, confesso também). Ou seja, foi ontem, praticamente. Era dia de halloween quando ela veio a falecer? A propósito: acho que seria super trend uma fantasma japa em estilo Harajuku. heh

E o que é O Grito, meu cristinho? Sério, passeimal como se ao meu lado estivesse um palhaço quando vi esse filme no cinema. Ah! Já to vendo todo mundo pensando: caralho, esse filme é mó mal feito, essa guria é doente! Pois pensem e morram! Achei a coisa mais freaking scary do mundo unir terror a gatos e crianças, que adoro muito. Aliás, devo dizer que nada pode ser mais fucking bizarre do que unir gatos E crianças, ou melhor: A crianças. Sim, porque aquilo é um menino gato! Azul! E que mia berrando! Ou berra miando? Ai, desse eu me mijo de medo, juro.

Tá, me passei. É que quando a gente confessa alguma coisa é assim que funciona. Tu nunca menciona o assunto pra não passar vergonha. Mas depois que o negócio vira público, bate o William Wallace e tu te sente com toda a freeeeeeedom* pra discorrer loucamente sobre o tema. Mas agora parei, até porque...

Papai Papudo, que horas são?





São cinco e sessenta!



Opa! Fui!


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