quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Prospectiva

Como eu sou docontra, não farei retrospectiva no fim de ano – até porque ninguém quer passar vergonha em público, néam?. E também porque acho meio deprê ficar lembrando "isso eu fiz", "isso eu deixei de fazer", "isso eu tentei, pelo menos". Passou, né, gurizada? Bola pra frente. Mas aí levam a sério o conselho e começam a rolar as promessas. Que mané promessa? E desde quando isso funciona? Alguém lembra o que prometeu que ia fazer na última virada? Não, né? Aliás, tem gente que prefere não lembrar pra não rolar aquela frustração e já começar outro ano deprimido.

Pior que promessa só pedido. Porque é a cara-dura sem fim colocar tudo no c*¨%* da divina providência e, se algo não der certo, apelar pro clássico "não era pra ser". Olha, de repente não era mesmo. Mas não podemos esquecer que até os cinco fucking sortudos que ganharam milhões na loteria em toda a história da humanidade se deram o trabalho de ir comprar o bilhete. Então se a idéia é projetar o próximo ano que façam planos então.


Pensando em como não sou da turma do planejamento – aliás, larguei uma cadeira com esse nome semestre passado, pra provar que não minto -, tratei de partir pruma vibe mais Mãe Dinah, taróloga do Superpop ou Nostradamus. Essa injustiça com o único senhor da lista é que – como recurso didático - eu quis colocar juntas uma pessoa com zero credibilidade, outra com credibilidade negativa e uma que, vamos combinar, ainda representa legal a classe dos videntes. Então o negócio é o seguinte: irei PREVER o ano de 2008 para eu mesma (e para quem quiser também, mediante o pagamento de uma pequena quantia) e daqui um ano e alguns dias (não dá pra acabar antes dos 45, pô!) a gente confere e vê que eu tinha razão. Como sou iniciante, vou abrir a possibilidade de caminhos distintos, porque o futuro a deus pertence, né? Bora prever 2008:

- 2 de janeiro de 2008
a) Retorno bronzeadíssima e sorridente da minha viagem de ano novo e não consigo esconder um certo desprezo pela caixa de concreto onde habito em horário comercial.
b) Retorno bronzeadíssima e na maior cara de pau depois ter faltado ao serviço no último dia do ano. Perco o emprego.
c) O avião que nos levaria de volta à cidade natal se parte ao meio e cai na Ilha do Governador, os grupos de sobreviventes se dividem em dois, o meu time fica perto do litoral, menos mal. (piada repetida? Não! A profecia persiste!)

- 10 de janeiro de 2008
a) uma onda de calor invade a cidade. Excesso de suor e abuso de álcool nos transformam em maracujás de gaveta desidratados. O diabinho do ar-condicionado me tenta a passar mais tempo na firma. Preocupante. Meus pensamentos começam a chegar em três vias, recebo uma e despacho as outras.
b) Desprovida de dinheiro, amigos e afeto, começo a procurar uma alternativa pra sustentar meus vícios. Por acaso adquiridos pela falta de dinheiro, amigos e afeto.
c) Continuamos na ilha aguardando resgate. Alguns dos nossos são feitos reféns pelos nativos, que andam armados com fuzis e encapuzados. Começamos a ver coisas estranhas, como gente que já morreu, estrondos e fumaças bisonhas. Descobre-se que o retiro dos artistas tem sede por aqui e que foguetórios e pneus queimados são tradição do local.


- 01 de fevereiro de 2008
a) cansada de ver o mundo em tons de cinza, mesmo ressabiada resolvo passar o carnaval no acampamento riponga. Como precaução, levo o telefone do Jack Bauer e do ponto de táxi perto de casa (que não cobra deslocamento). Vai que eu precise de resgate, né?
b) tentando recuperar meus amigos, vendo meus últimos pertences para ir ao acampamento riponga. Com a roupa do corpo e uma sacolinha do Zaffari contendo documentos e uma foto do meu gato, saio pra pedir carona na beira da estrada.
c) Com a proximidade do carnaval, nossas esperanças em sair da ilha se renovam. Na última hora, porém, um de nossos comparsas explode o carro alegórico no qual seríamos destaque na Sapucaí.

Ai, gente, derramei a borra de café dentro da bacia de água. Acho que quebrei o link com o além. Sem inspiração não dá pra continuar prevendo, capaz de eu errar, né? Quando os astros se alinharem continuo.

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