segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sobre o discurso

Certa vez, em algum lugar do meu passado, entrevistei um ilustríssimo professor sobre as diferentes formas de discurso. Existem vários, disse ele, desde o discurso persuasivo, passando pelo informativo, até o discurso amoroso. “Conheces o discurso amoroso?”, perguntou-me o mestre. Na surpresa, ensaiei uma resposta que, na real, era uma pergunta: ahn..s-s-sim? “Não, não conhece. És muito jovem”. É verdade, professor, creio que o discurso amoroso que eu conheço se aproxime muito do discurso do persuasivo, if you know what I mean. E percebo assim que o discurso do convencimento está intrínseco no nosso dia-a-dia e quase não o percebemos. Especialmente na publicidade, que por sua vez está em absolutamente todo lugar. Há situações extremas, entretanto, nas quais não é possível que tu não perceba que estão não só tentando te convencer de algo, como te tirando pra otário, na maior.

Um desses casos é o discurso político. Porque político é chato, não venham me dizer que não e não venham com exceções, que elas non eczistem. E, bem, tem um modo político de falar, né? Vocês sabem, discurso persuasivo, as palavras certas, a entonação certa. Mas político, além de chato, é burro (com todo o respeito). Acho que eles faltaram a essas aulas porque juram que pra convencer alguém, pra conferir credibilidade à sua fala, eles precisam berrar muito. Melhor: berrar muito NO microfone. (cara, aquilo deve ser pura baba). Nas falas mais, ahn, emocionantes (?), costumam ficar esganiçados de tanto gritar. E ainda pontuam todas as frases com perguntas retóricas e “vossa excelência” pra cá e pra lá. Sério que isso convence alguém? Esse é o legítimo matar cachorro a grito porque, quer saber?, acho que até apoiava uma criatura dessas só pra fazer calar a boca. NOT!

Já os padres, esses sim, foram em todas as aulas e aprenderam a lição dereitchinho! Olha, looooonge de mim criar polêmica e desrespeitar a religião e as crenças de outrem, até porque não costumo ser leviana com o coração dos outros (viu, Bial?). Mas dá licença um pouquinho?

Perguntei esses dias, dentro de uma igreja: por que diabos (opa, diabos eu não falei, looonge de mim, esse é só um recurso dramático) todos os padres são imigrantes ou da colônia italiana? Responderam: “acho que eles estudam isso, neurolinguística, sabe como é. Meio que lembra latim, a língua mãe. Aí todos falam desse jeito, pra ser mais convincente”. Olha, faz sentido. Porque o discurso meio que te hipnotiza. Se menos endemoniada eu fosse, já tava acreditanto no que dizia o padreco. Claro, os dois banners gigantes ao lado do altar ostentando a Oração do Dízimo me puxaram pra realidade instantaneamente. Sério que isso existe. Ta certo que eu sou implicante além da conta com essas coisas da catolicidade. Então nem começo a espinafrar pra não perder a linha e o respeito. Mas, bom, banner colorido com a Oração do Dízimo fala por si só.

No fim das contas, até acho bonito essa coisa de crença e costumo respeitar as mais distintas, até porque em casa convivo com várias. Mas o discurso da santa igreja católica apostólica romana, com todo o respeito, é impressionante no quesito charlatanismo. Por mais que um dia eu descubra que eles falavam a verdade e encontrar o próprio Djísãs no paraíso, vou falar pra nosso senhor: olha, vocês estão muito mal representados lá em baixo, a impressão que a gente tem é que vocês querem apenas fama e dinheiro. E fama e dinheiro quem quer sou eu, essa competição não dá!

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