segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Capítulo 2 – Centro em dia de chuva

Manual da etiqueta urbana



Obs: Importante lembrar que mesmo com o sol brilhando e os pássaros cantando, um passeio no Centro de Porto Alegre jamais é agradável. Até porque essa frase apresenta dois erros gritantes: o centrão é a terra onde o sol não brilha, racha, e os pássaros são mais precisamente pombas. E pombas não cantam, atordoam. E cagam, com o perdão da palavra.

A não ser que você tenha o azar de trabalhar por essas bandas ou tenha coisas importantíssimas pra fazer por lá, eu realmente não sei o que você está fazendo no centro da cidade. O meu egoísmo me pouparia o trabalho de destilar meu ódio com relação a essa zona letal, mas eu tenho muita consideração por quem labuta por lá (tipo eu mesma no passado). Por isso vou dar umas dicas de sobrevivência em ambiente tão inóspito. Como sou justa, muito justa, justíssima, vou dividir em duas categorias cada um dos tópicos. Algo como inconvenientes e vítimas do desaforo alheio.


1) O Guarda-Chuva

a) Existem pessoas que abdicam de usar guarda-chuva quando passam no Centro. Se você é dos que preferem se molhar a se incomodar, está perdoado, não tenho nada a dizer. Eu já fui assim, antes de me preocupar com meu cabelo ( =D). Agora só arrisco no chuvisco. O pensamento de tão nobres pessoas é simples: com tanta marquise, pra que guarda-chuva? Só seria mais perfeito se um monte de joselito não andasse COM guarda-chuva onde não chove. Fica a dica, então: atropelem na moral quem estiver de sombrinha embaixo da marquise e não peçam desculpas (ver tópico 2).

b) Se você acha melhor não estragar o penteado, compreendo. Ainda assim dou uma dica pra dias de chuva fraca: capuz. Mas se ta caindo o mundo e você não quer perder a compostura e cheirar a cachorro molhado, bora pras instruções. Primeiro, a sua sombrinha ocupa mais espaço que você, darling, portanto certifique-se que você vai caber nas brechas por onde tenta passar. Ultrapassagem vale e é super estilo, mas quando é mal-sucedida fica feio, né? E também não enfie o guarda-chuva na cara dos outros, pelamor. Eu sei que é muita sombrinha, que a gente perde o controle, fica confuso. Mas a regra é clara em cruzamentos, a pessoa mais alta levanta seu guarda-chuva e mais baixa encolhe um pouquinho. Se a outra pessoa não colaborar, eu sugiro se esquivar ainda assim, conseguir passar ileso e depois mandar à merda. Porque se pagar pra ver e rolar colisão, vai esguichar água na sua fuça e borrar sua maquiagem. Avisei.



2) A Marquise

a) Como já dito acima, a marquise é o abrigo dos sem guarda-chuva. O motivo a gente não pergunta, né? Ta certo que naquela zona é facinho achar esses instrumentos, porque não bastassem os transeuntes, sempre tem um vendedor enfiando uma sombrinha na sua cara, totalmente de propósito. Mas, realmente, se toda vez que São Pedro resolver tirar uma onda, você for comprar um desses guarda-chuvas descartáveis, vai à falência. Então, sejamos sensatos: deixe os locais cobertos pra quem está caminhando desprotegido e pra quem está esperando o helicóptero do papai Noel vir resgatar.

b) Olha, eu não costumo estimular o surgimento de vários mini me, assim a la loca, porque se existissem muitos rabugentinhos como eu, seria a primeira a fazer curso de cosmonauta. Mas, bem, se você está lá, todo corajoso, se banhando na chuva ácida, resolveu dar uma aliviada passando em local protegido e deu de cara com um bando de idiota usando o sistema de dupla proteção, só tenho uma dica: passa por cima e sai xingando a mãe.




3) Os veículos

a) Nada mais triste do que essa cena: lá está você, ainda semi-seca, na parada do busão ou esperando o sinal fechar pra atravessar a rua e aí passa um carro bem rente à calçada e tchibuuumm! Te taca água suja, lixo e ratos mortos por todo o corpo. Pra mim o negócio é aproveitar o fato de que certamente vai ter uma galera nessas mesmas situações e ficar atrás do pessoal da parada ou da sinaleira. Aí você ganha um escudo humano e ainda se livra de encoxada. Magavilha.

b) Se você é motorista, tenha consideração. Sério, se não houvesse como evitar o banho nos pedestres, isso aconteceria sempre e nem mais seria tão indignante, seria normal, não é? A gente sabe muito bem que basta não passar chispando em cima da poça d’água ou não ir tão grudado na calçada. Se supersônica eu fosse, corria atrás do seu carro e tacava um balde de água de ratazana dentro do seu automóvel. E ainda voltava seca. Humpf.

Consideração final para todos: respeitem vovôs, vovós, cadeirantes e demais pessoas que por algum motivo não têm a mesma agilidade que VOCÊ!!!

Nenhum comentário: